As lições que 2023 já nos deu

As lições que 2023 já nos deu
Photo by Arnel Hasanovic / Unsplash

Boa tarde!

Estamos a 9 de janeiro de 2023 e já conseguimos tirar algumas lições deste ano. Algumas vêm do comportamento do ser humano, outras vêm da experiências dos profissionais que nos querem ver definitivamente na nossa melhor versão. Trago-vos hoje alguns factos recentes sobre o mundo, bem como algumas recomendações de conteúdos para alimentarmos a nossa esperança para o futuro. Afinal, é o que nos mantém vivas/os, certo? 😉

Este ano, já aprendemos que...

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...haverá sempre conflito, se houver pessoas disponíveis para o fazer

Foi este domingo que milhares de pessoas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. As imagens impressionam pela facilidade na vandalização, pelo ódio nas mãos de quem destrói sem olhar a meios, pelos insultos a quem pensa diferente e foi eleito democraticamente. Sim, hoje temos mais informação, é maior a consciência para a tolerância e para a empatia, mas isso convive também com os extremismos. Eles continuam a ser alimentados em canais que não consumimos, mas que existem. E são maiores do que pensamos. O que vimos ontem foi a violência em massa, mas ela vai existindo no nosso quotidiano – eis um exemplo de há 3 dias. Uma mulher, que estava pacificamente a segurar uma bandeira alusiva à candidatura de Lula da Silva, foi agredida de forma gratuita por um "bolsonarista".

Mulher é agredida por homem durante carreata de bolsonaristas em São Paulo; veja
Vídeo mostra o momento em que um indivíduo de camiseta amarela desce do carro e dá um tapa na vítima, que bate a cabeça em uma grade
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...a saúde mental não é um luxo, é uma necessidade

O que antes era um tabu, ganha finalmente espaço nos media e nas conversas. As empresas começam a perceber que são responsáveis por criar ferramentas para assegurar o bem-estar de quem ali trabalha, e a "flexibilidade" e a "empatia" ganham espaço, como mostra este artigo da Human Resources. O tema já chegou a algumas autarquias – a Câmara Municipal da Marinha Grande criou um questionário para que os/as munícipes partilhem as suas necessidades.

Nos EUA, as escolas públicas de Seattle entraram com um processo contra as donas do Facebook, Instagram e TikTok (entre outras) por causa da "crise de saúde mental" que estão a criar nos jovens. As plataformas são acusadas de "explorarem com sucesso os cérebros vulneráveis dos jovens, viciando dezenas de milhões de estudantes".

Escolas de Seattle processam tecnológicas acusando-as pela “crise de saúde mental” dos jovens
As escolas de Seattle avançaram com um processo contra as tecnológicas responsáveis por redes sociais, alegando que são as culpadas de uma “crise de saúde mental na juventude americana”.

Dentro deste tema, sugiro-vos um documentário que vi na semana passada: "Stutz", na Netflix. O ator Jonah Hill entrevista o seu psiquiatra, Stutz, e partilha connosco as ferramentas e as reflexões que o têm ajudado a viver melhor. É daqueles que vale a pena ver com papel e caneta ao lado (ou com o bloco de notas do telemóvel), para apontar algumas ideias. Houve uma que me marcou particularmente, que partilho agora convosco. A certa altura, Stutz diz:

Há 3 coisas certas na vida de qualquer pessoa:
  • A dor
  • A incerteza
  • O trabalho constante
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...mudar de vida é extremamente difícil, mas é possível

Como se um exemplo não bastasse, trazemos três exemplos de três mulheres que mudaram de vida quando aquela que tinham não lhes chegava. A Patrícia Matos saiu da TVI e apostou numa carreira em Bruxelas, a Daniela Braga percebeu que não iria crescer na Microsoft e criou a sua própria empresa e a Mariana Moura Santos cansou-se de ver a desigualdade de género nas lideranças dos media, e tornou-se ela própria líder de uma solução. São todas convidadas do Podcast Gender Calling, cada uma conta a sua história de forma honesta e diz-nos o que aprendeu. Numa viagem de carro, num dia preguiçoso em casa ou durante o exercício, vale a pena ouvir!

Seja qual for a mudança profissional que se queira fazer, há um ponto que é sempre importante: a imagem que projetamos. A Lisiane Lemos, especialista brasileira em tecnologia e inclusão, falou connosco sobre marca pessoal – e deixa muitas dicas para apontar.

Podcast Gender Calling, disponível em todas as plataformas
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...todas/os precisamos de um conto de fadas. Mas um que seja justo.

O Guilherme Figueiredo faz parte da equipa Gender Calling e consome muito conteúdo sobre estes temas. Hoje traz-nos uma sugestão: episódio "Contos de fadas", da série "Resumindo"/"Explained" da Netflix. Aqui explora-se a história destas histórias, mas fica também espelhada a desigualdade nas pessoas que as contavam.

"Assim como na maioria das indústrias de entretenimento, também na gigante Disney contratavam-se apenas homens brancos. Numa carta aberta explicando as razões para este efeito, as mulheres não eram vistas como pessoas criativas e originais, por isso nem sequer eram colocadas nas listas de seleção para formação. O Reino do Gelo (Frozen), de 2013, é o primeiro filme de animação da Disney realizado por uma mulher. Um hino que não só representa a união entre duas irmãs, como apela à solidariedade entre mulheres em geral. Os contos de fadas são histórias que sobrevivem milhares de anos por uma razão: porque nos ajudam a pensar em problemas fundamentais para a condição humana. Os melhores contos populares são os que são altamente adaptáveis, mas também que tratam de verdades e preocupações básicas que serão relevantes", escreve o Guilherme.

E, afinal, quem não precisa de uma magia de vez em quando?

Desejo-vos uma ótima semana.
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Sugestões? Recomendações? geral@gendercalling.com

Catarina Marques Rodrigues
Jornalista e Fundadora Gender Calling